O assassino de Vítor Pinto, de 2 anos, foi condenado a 19 anos, cinco meses e dez dias de prisão em regime fechado, na noite desta terça-feira (13), após um júri popular com duração de cerca de dez horas, em Imbituba. Matheus de Ávila Silveira, 24 anos, já havia confessado o crime à polícia e também reconheceu ser o autor durante a sessão. Foi sentenciado por homicídio duplamente qualificado. O plenário da Câmara de Vereadores da cidade portuária foi utilizado para a audiência.
Matheus confessou ter cortado o pescoço da criança porque uma ‘entidade espiritual o ordenou’ cometer tal atrocidade. O crime foi executado no fim de dezembro de 2015, na antevéspera de Ano-Novo, nas proximidades da rodoviária. Este é um dos júris mais aguardados da história da região. Matheus é réu confesso, e não deve escapar de uma condenação. Ele declarou ter matado Vitor à Polícia Civil.
A sessão iniciou às 9h30min e a primeira parte das declarações ocorreu até um pouco depois do meio-dia. Às 14h30min, os trabalhos foram retomados. Havia a expectativa de que um grande número de índios da tribo da vítima comparecesse, vindos do Oeste e Meio-Oeste do Estado, mas, segundo informações extraoficiais, não foram disponibilizados ônibus para o transporte. Mesmo com a aparente tranquilidade dentro da Câmara e no entorno, homens do Pelotão de Policiamento Tático (PP) e da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam) da Polícia Militar ficaram de prontidão no local nesta terça. O homicídio chocou o Estado pela brutalidade. Vitor foi morto em plena luz do dia. A criança era amamentada quando Matheus se aproximou e desferiu um golpe de estilete na garganta do menino. Antes da morte do filho, a mãe, ao ver que o assassino se aproximava, pensou que o estranho iria apenas fazer carinho no filho.
A família de Vitor tinha vindo da aldeia Condá, Oeste do Estado, para vender artesanato no Litoral catarinense. Inicialmente, Matheus ficou detido na Unidade Prisional Avançada (UPA) de Imbituba, depois foi encaminhado ao Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, na capital do Estado.
Segundo especialistas e o seu advogado, o assassino tem Transtorno de Personalidade Borderline, e alegou à polícia ter praticado o crime por questões religiosas, teria afirmado que foi ‘orientado a sacrificar uma pessoa com grande repercussão’. Isso lhe abriria os caminhos e lhe traria notoriedade, inclusive no campo profissional.
Matheus estava desempregado e tinha 23 anos quando cometeu o crime hediondo, era paciente de um posto de saúde municipal. Não conseguia ficha para psiquiatra e relaxava na medicação.
Seu perfil, no Facebook, sob o codinome Moxa Zombiie, indicava ‘uma mente perturbada’. Em uma imagem, ele homenageia os adoradores das trevas. Parentes dizem que ele é viciado em drogas e alcoólatra. Vivia na rua. Já tinha tentado matar os pais a facadas. Imagens da vigilância do terminal mostraram detalhes do fato e ajudaram na identificação do autor.
O que é Transtorno de Personalidade Borderline?
É uma condição mental grave e complexa cujos sintomas instáveis e pungentes podem invadir o indivíduo de modo súbito, caótico, avassalador e desenfreado. Os critérios diagnósticos de Transtorno de Personalidade Borderline compreendem um padrão de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos.
Sintomas de Transtorno de Personalidade Borderline
Indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline se caracterizam especialmente por sofrerem grande instabilidade emocional, desregulação afetiva excessiva, sentimentos intensos e polarizados do tipo “tudo ótimo e tudo péssimo” ou “eu te adoro e eu te odeio”, angústia de abandono, percepção de invasão do self, entre outros, que não raro geram comportamentos impulsivos perigosos sendo comum a presença recorrente de atos autolesivos, tentativas de suicídio e sentimentos profundos de vazio e tédio. O início do transtorno pode ocorrer na adolescência ou na idade adulta e o uso dos recursos de saúde e saúde mental é expressivo nesses pacientes.
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